quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A relevância do trabalho pedagógico no ensino superior. O caso da Universidade de Cabo verde

A mudança paradigmática que se propugna no modo de encarar a formação superior na Uni-CV implica que, a par da ênfase no aprimoramento do conhecimento científico, mediante a elevação do grau académico, seja consequentemente valorizada a vertente pedagógica, assumindo-a não apenas como um elemento adicional do perfil do docente do ensino superior, mas como uma exigência inelutável da qualidade da formação, posto que, ao cabo e ao resto, se trata de conceber formas adequadas de lidar com o conhecimento científico, seja na forma como o mesmo é produzido (pela investigação), seja no modo como esse conhecimento é apreendido e apropriado pelos estudantes, através do processo de ensino-aprendizagem, seja ainda em termos de disseminação do conhecimento (produzido e aprendido) no seio da sociedade, no âmbito da extensão.

Este é o resumo do texto de uma comunicação proferida nas I Jornadas Pedagógicas da Universidade de Cabo Verde, realizadas de 22 a 26 de Abril de 203, que aqui se reproduz na íntegra (queira seguir  o link):

A RELEVÂNCIA DO TRABALHO PEDAGÓGICO NO ENSINO SUPERIOR


Bartolomeu L. Varela
Universidade de Cabo Verde

O Currículo e o Desenvolvimento Curricular nos tempos actuais – lógicas e desafios do processo de globalização

A tendência para a uniformização curricular e a imposição de padrões, no contexto da globalização hegemónica da educação, bem patente nas directivas e prescrições curriculares que enformam, cada vez mais, as políticas educacionais, constitui um severo desafio às instituições educativas, ao pôr seriamente em causa o seu propósito de promover, pela educação, a identidade, a diversidade cultural, a emancipação e o empoderamento das pessoas. Porém, o desenvolvimento curricular, enquanto processo dinâmico e interactivo, não envolve apenas a dimensão instituída, ou seja, a prescrição do currículo a nível macro, havendo, a nível das escolas e ou dos cursos, um espaço de reflexão, recriação e inovação no âmbito da realização do currículo. Por outro lado, é possível contrariar o hegemonismo curricular através de políticas e práxis de globalização solidária da educação, atendendo, assim, às especificidades institucionais, nacionais e locais.

Queira encontrar o texto integral do artigo através do link:

 Curriculo e Dt.Curricular nos tempos actuais_ desafios da globalização


Bartolomeu L. Varela
Universidade de Cabo Verde
bartolomeu.varela@adm.unicv.edu.cv

In: Revista de Estudos Cabo-Verdianos
Atas do I Encontro Internacional de Investigação e Reflexão(EIRI),
Edições Uni-CV, Dezembro de 2013, pp 11-22
ISSN 2073 – 9419″

Avaliação externa da qualidade da educação. Os casos de Cabo Verde e Portugal

Nos modelos de regulação transnacional e supranacional, as políticas de partilha de conhecimento definem não só processos de regulação cognitiva, em que a mudança se impõe pela via conceitual, mas também práticas de avaliação centradas na garantia da qualidade.
Tendo em consideração o modelo pós-burocrático de gestão, que é ao mesmo tempo indutor da centralidade dos resultados e da estandardização do conhecimento, para além da imposição de processos formais de qualidade, os autores analisam, recorrendo a uma revisão crítica de bibliografia internacional, de que modo a avaliação institucional no ensino superior, com reflexos na avaliação das escolas dos ensinos básico e secundário, responde a critérios de eficiência e eficácia através de práticas formais e informais de monitorização. Por isso, discutimos, nesta comunicação, e no quadro de políticas globalizadas, o processo de acreditação e avaliação no ensino superior, com a exploração, por um lado, das políticas baseadas em standards, e por outro, das práticas avaliativas em curso em Cabo Verde e Portugal.
Queira encontrar o texto integral do artigo, em coautoria com o Professor José Augusto Pacheco, através do link:

Avaliaç Qualidade E.Superior CV & PT_BV e JAP
 Autores: Varela, Bartolomeu; Pacheco, José Augusto
In Ferreira, Ana Cristina (org.), Nas pegadas das Reformas Educativas – Conferências do I Colóquio Cabo-verdiano da Educação. Praia: Universidade de Cabo Verde, 2013: 25-37
ISBN: 978-989-8707-03-1

domingo, 26 de janeiro de 2014

A Pedagogia de Montessori e sua contribuição para a educação nos tempos actuais




Nos tempos actuais, confrontamo-nos com propostas de inovações pedagógicas que, supostamente, vêm substituir as abordagens anteriores, consideradas ultrapassadas, ignorando-se o contributo de inúmeros autores que conceberam e experimentaram teorias, métodos e técnicas de ensino-aprendizagem legando o seu contributo, não isento, é certo, de insuficiências, às gerações posteriores de educadores e cientistas da educação.     

O conhecimento dessas contribuições, não necessariamente numa postura apologética e acrítica, é susceptível de nos ajudar a encarar melhor as novas abordagens pedagógicas que, com o tempo, igualmente, irão sofrer mutações e ou aperfeiçoamentos, posto que a qualidade do acto de educar é uma construção permanente, assim como o é o processo de desenvolvimento integral do homem na perspectiva da sua plena realização nos planos pessoal, familiar, cívico, profissional e social.   

Na tentativa de chamar a atenção para a necessidade de resgatar o legado de pedagogos de anteriores gerações, fazemos aqui breve referência à biografia e ao contributo pedagógico de Maria Montessori.

Maria Montessori, nascida em Itália a 31 de agosto de 1870, foi a primeira mulher do seu país a formar-se em medicina, em 1986), tendo iniciado sua carreira, no ano seguinte, como como médica assistente da clínica psiquiátrica da Universidade de Roma. Desde logo, a partir do contacto com crianças deficientes mentais que eram, em geral, misturados com doentes mentais adultos, nos hospícios, começou a manifestar o seu interesse pela educação. Entendendo que se deveria dispensar a essas crianças um tratamento mais pedagógico do que médico, Montessori empenhou-se em estudar outros modelos educacionais vigentes na Europa, especialmente o método adoptado pelo Dr. Eduard Séguin para o ensino de atrasados mentais, tendo ainda estudado pedagogia e psicologia, o que lhe permitiu formou novos conceitos e c desenvolver o seu próprio método.

Depois de obter sucesso no ensino de crianças retardadas, contribuindo, assim, para o que denominamos por "educação de alunos com necessidades educativas especiais", Montessori começou a aplicar seu método junto a "crianças normais", realizando experiências pedagógicas com resultados surpreendentes, que decorrem do modo livre e participado de organizar as aprendizagens. Como refere a educadora, “as crianças precisavam de um lugar calmo e seguro, onde pudessem escolher suas actividades e desenvolver o raciocínio e a personalidade”.

O sucesso da experiência encorajou-a a fundar sua própria escola, a Casa dei Bambini, cujo modelo foi logo seguido por outras escolas em toda Europa, não obstante  a forte oposição dos defensores do sistema ortodoxo de ensino, que temiam as consequências de um método baseado na liberdade e na auto-educação.

Em 1922, numa altura em que o seu sistema de ensino já se tornara muito conhecida, foi nomeada inspectora-geral das escolas públicas da Itália, mas, com a vitória do  fascismo, as escolas montessorianas começaram a ser fechadas e Maria Montessori viu-se obrigada a abandonar o país, permanecendo durante algum tempo na Espanha republicana, depois em Sri Lanka e na Índia, só tendo voltado ao seu país após a Segunda Guerra Mundial, onde leccionou na Universidade de Roma. 

Mas, em face do seu renome, permaneceu ali por pouco tempo, tendo feito várias deslocações com o propósito de supervisionar a formação de novos professores. Viria a fixar-se definitivamente  em Holanda, onde faleceu a 6 de Maio de 1952.

Numa justa homenagem a esta pedagoga, a Organização das Nações Unidas declarou 1970 (ano do centenário de seu nascimento) como Ano Internacional da Educação.

Montessori escreveu mais de uma dezena de livros versando diversas questões de ensino e educação, de entre os quais se destacam: “Método da pedagogia científica aplicada à educação” (1909), “Auto-educação nas escolas elementares” (1912), “O método Montessori avançado” (1919), “A criança” (1936), “Educação para um novo mundo” (1946) e “A mente absorvente” (1949), no qual se ocupa das crianças com menos de três anos de idade.”



Partilhamos, em seguida, com a devida vénia, dois vídeo-aulas que dão uma visão geral e sucinta da pedagogia de Montessori, ainda de marcante actualidade.


1 - Sobre os princípios gerais do Método Montessori:

http://youtu.be/ZMIdeKR_bak




2- Sobre os três pilares práticos do Método Montessori:


Praia, Cabo Verde, 26 de Janeiro de 2014.
Bartolomeu Varela

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Abordagem curricular por competências na escola - Para além do modismo!


Como salientei em artigo recente (*), a abordagem curricular por competências, enquanto fenómeno recente no discurso educativo em Cabo Verde, só pode traduzir-se numa inovação efectiva ao nível das práxis educacionais se for correctamente compreendida pelos diversos actores envolvidos na obra educativa e, em particular, nos processos de deliberação, gestão e realização dos currículos escolares.
 
No link seguinte do meu canal no Youtube, selecciono diversos vídeos, nos quais são elucidadas questões relevantes que se prendem ou se relacionam directamente com a abordagem curricular por competências. As vídeo-aulas  são apresentadas de uma forma clara e "competente", pelo que espero sejam do agrado do(a)s educadore(a)s.

http://www.youtube.com/watch?v=x8KC_hZTK3A&feature=share&list=PLi-yXsmNVZy1dFf7tf6YJtPviioN0Mqm6

Praia, Dezembro de 2012.
Bartolomeu Varela

(*) Veja-se o artigo em:
 http://bartvarela.files.wordpress.com/2012/12/abordagem-por-competencias-no-curriculo-escolar-em-cabo-verde1.pdf

O que vem a ser o Currículo Escolar?

Conceptualizar o currículo escolar implica considerar o que se quer que  o(a)s aluno(a)s sejam ou “em que eles ou elas se devem tornar” durante e depois de um percurso formativo (Silva, 2000, p.14), o que nos leva a encará-lo como um projecto, que se realiza no âmbito de um processo de formação, necessariamente interactivo, “que implica unidade, continuidade e interdependência entre o que se decide ao nível do plano normativo, ou oficial, e ao nível do plano real, ou do processo de ensino-aprendizagem“ (Pacheco, 2001, p. 20).
 
No link que se segue, partilhamos várias videoconferências  sobre o Currículo, uma temática de
suma importância para os educadores, posto que se trata de uma questão da maior centralidade na vida das escolas e das academias em geral.
Apreciem.

http://www.youtube.com/playlist?list=PLi-yXsmNVZy2K8-Vs_-HgPdm0s2kisHve

Praia, Dezembro de 2012.

Bartolomeu Varela

sábado, 22 de setembro de 2012

"Função da Escola", pelo Professor Libâneo

Por ocasião do início de um novo ano lectivo em Cabo Verde, entendo ser oportuno partilhar com os educadores este eloquente vídeo, em que o renomado Professor Libâneo nos fala da "Função da Escola" nos tempos actuais, assunto de que me tenho ocupado em vários textos e contextos.

Apreciem:

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Portugal a meio da tabela de ranking mundial de ensino superior! E Cabo Verde?

Chamou a minha atenção uma notícia publicada no Jornal online "O Público" com o seguinte título:

"Portugal a meio da tabela de ranking/ mundial de ensino superior"

Segundo o jornal, o ensino superior português está a meio da tabela de ranking mundial, o que não é propriamente mau.

Não consegui encontrar informação sobre a posição que o ensino superior cabo-verdiano ocupa nesse ranking.

No entanto, para que venha a ocupar um lugar de destaque nesse ranking, o ensino superior cabo-verdiano terá de vencer várias apostas importantes, de entre as quais saliento:

a) A passagem de uma actividade académica essencialmente baseada na transmissão do conhecimento para um paradigma de formação que combine harmonicamente a produção do conhecimento (pela investigação), a difusão do conhecimento (pelo ensino) e a mobilização desse conhecimento para a prestação à comunidade de serviços compagináveis com a sua missão (extensão);
b) O reforço da qualiade do corpo docente da sinstituições de ensino superior, tanto em termos de elevação do grau académico como de formação pedagógica, enquanto componente indissociável da profissionalidade docente no ensino superior;
c) O reforço dos meios e condições de aprendizagem dos estudantes e a promoção da centralidade destes na vida académica.
d) A democratização do processo de gestão das instituições de ensino superior, com o envolvimento dos diversos corpos da academia (professores, estudantes e trabalhadores) na tomada das decisões concernentes à vida universitária e bem assim na sua realização;
e) O aprimoramento da capacidade de avaliação interna, a nível de cada uma das instituições, pressuposto indispensável para que as instituições possam, por si róprias, monitorar o cumprimento da sua missão, sem que tenham de aguardar pela realização das avaliações externas;
f) A criação de um sistema de avaliação da qualidade do ensino superior credível, assegurado por entidade(s) autónomas e altamente qualificadas e que alie os referenciais gerais de qualidade com as especificiadades de missões e funções das diferentes instituições;
h) A concepção e implementação de um sistema de acção social universitária que propicie a equidade no acesso à formação superior pelos estudantes das diferentes camadas sociais, sem prejuízo da criação de mecanismos que garantam a sustentabilidade do mesmo sistema;
i) A implementação de  políticas públicas indutoras de qualidade no ensino superior, aferida em termos que combinem o desempenho das funções essenciais da Universidade (orientadas, em suma, para a promoção da alta cultura) e das funções ditas "utilitárias" para a economia, o mercado e a sociedade em geral.

Bartolomeu Varela

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Que é a Uni-CV e o que significa estudar nela?


Estando em curso o processo de lançamento das novas ofertas formativas da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) para o ano lectivo 2012/2013, considero oportuno partilhar com os leitores deste blog o seguinte vídeo institucional que dá a conhecer, ainda que de forma breve e incompleta, o que é a Uni-CV e o que significa estudar na Universidade Pública, onde a qualidade académica é uma conquista permanente, em prol do desenvolvimento de Cabo Verde e da realização das perspectivas de realização pessoal, social e profissional dos estudantes.

Veja e ouça, pois.


Bartolomeu Varela

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Género, sexualidade, identidade, represtações sociais e educação

No vídeo que se segue, pode-se seguir uma aula em que uma especialista em educação aborda o conceito de género e o correlaciona com os de sexo e identidade, explicando como se constroem as identidades de género e as identidades sexuais, mediante discursos e práticas de construção de sujeitos. Do mesmo passo, correlaciona-se género, identidade e poder, demonstrando-se como as relações de poder influenciam culturas e identidades, assim como diversos tipos de representações que conferem sentido às coisas, aos actos e às relações de género. Não perca!

Na continuação das temáticas abordadas no vídeo precedente, debruça-se, no vídeo seguinte, sobre a problemática da sexualidade e o conceito de educação sexual que, mais recentemente, tende a ceder lugar a conceitos como orientação sexual ou educação para a(s) sexualidade(s), fornecendo pistas metodológicas para a acção educativa. Não perca!



Nas representações sociais e individuais do género e identidades (de género e de sexo), estão subjacentes, com elevada frequência, estereótipicos e preconceitos, construídos ao longo de décadas, séculos e milénios e aceites, também amiúde, de forma acrítica e conformista, pelo que não constitui tarefa fácil (ainda que possível) uma abordagem pedagógica susceptível de desconstruir hábitos, credos e "falsas verdades" que dificultam a prevalência nos meios sociais, institucionais, laborais, familiares e escolares de relações de género de novo tipo, baseadas na igualdade da condição humana, da equidade e da igualdade de oportunidades entre a mulher e o homem, ou mlhor entre os géneros.

Género e Educação

Este vídeo ilustra aspectos interessantes da problemática, muito actual, das relações de género.
Aprecie e discuta com os colegas as questões abordadas no vídeo, procurando extrair ilações para uma abordagem mais adequada das relações entre os géneros, à luz dos princípios da igualdade, da solidariedade social e da cidadania democrática, entre outros, que se propugna para as sociedades hodiernas.   

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A propósito do perfil de ingresso no ensino superior.



Através do link precedente, tem-se acesso a um artigo em que se dá a conhecer a medida tomada em Portugal para evitar que a escola privada (do ensino secundário) seja utilizada como mero trampolim ou porta de entrada facilitada para o ensino superior.

Em Cabo Verde, o acesso ao ensino superior precisa de ser regulamentado de modo a exigir-se, de facto, maior rigor na apreciação do perfil de entrada, nomeadamente no ensino superior privado, que não tem vindo a realizar provas para a selecção dos alunos em função da demonstração da capacidade de ingresso.

Todavia, mesmo na universidade pública, que sempre realiza as provas de ingresso, a investigação levada a efeito revela a necessidade de elevação do perfil de entrada dos alunos. É assim que, nas provas de acesso, que incidem sobre disciplinas nucleares dos cursos, em virtude do elevado índice de notas negativas, se tem seleccionado alunos com clasificações muito baixas, facto que não deixa de condicionar a evolução do desempenho académico dos estudantes, além de dificultar a gestão e a implementação cabal dos currículos.

Em todo o caso, o problema do perfil de entrada no ensino superior deve ser analisado numa perspectiva mais global, buscando soluções não apenas a nível do próprio subsistema do ensino superior, mas num plano sistémico, envolvendo, nomeadamente:
a) a necessidade de reforço da qualificação dos professores para o ensino básico e o ensino secundário, seja no âmbito da formação inicial, seja no quadro da formação em exercíco;
b) a ampliação das iniciativas de acompanhamento, supervisão e apoio pedagógico aos docentes destes níveis de ensino no exercício das suas funções;
c) a exigência de cumprimento integral dos currículos do ensino secundário, como condição para a conclusão deste nível de ensino e, em consequência, a avaliação final dos alunos do ensino secundário em relação a todos os conteúdos programáticos (propugna-se, pois, que seja banida, definitivamente, a prática de se avaliar os alunos apenas em relação aos objectivos e conteúdos ministrados, o que encoraja o não cumprimento cabal dos programas);
d) o reforço da inspecção do cumprimento dos programas e dos mecanismos de responsabilização dos docentes que, sem motivo atendível, não cumpram os programas curriuclares;
e) a ampliação, se necessário, do tempo de estudos, com vista ao cumprimento integral dos programas do ensino secundário;
f) a reformulação dos currículos do ensino básico e secundário e a melhoria dos métodos de ensino, especialmente nas áreas identificadas como mais problemáticas (ex: aprendizagem da língua portuguesa e da matetática), de modo a adequar o nível de ensino às exigências dos tempos actuais e, em particular, ao grau de complexidade do ensino superior;
g) uma maior aproximação entre as instituições de ensino superior e as escolas secundárias, tendo em vista uma mellhor articulação dos currículos e métodos de ensino nos dois subsistemas...

Concluindo,

A questão do nível de ingreso no ensino superior não se coloca apenas em relação à qualidade das escolas privadas do ensino secundário (que, de resto, acolhem uma franja pouco significativa dos alunos deste nível de ensino), mas é uma questão que releva de uma abordagem global e sistémica da problemática da formação em Cabo Verde.

Sem se pôr em causa a democraticidade do acesso ao ensino superior, este é um nível de formação que implica um elevado grau de exigências, em termos de aprioramento do conhecimento científico, pelo que deve estar resguardado dos efeitos maléficos de uma massificação em que a expansão quantitativa dos incritos e diplomados não é acompanhada da manutenção ou elevação da qualidade académica.

Bartolomeu Varela

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

"A missão de educar": uma aposta na qualidade da educação!

Editorial
1. Neste blog, "A missão de educar", que tem por objecto a abordagem de questões educacionais, pode apreciar trabalhos da minha autoria e de outros autores. Além do seu eventual interesse académico ou didáctico, os textos aqui publicados pretendem contribuir para a reflexão e o aprofundamento de questões com que se defrontam os sistemas educativos, em geral, e o cabo-verdiano, em particular, tendo em vista a procura de subsídios para o aprimoramento das políticas e práxis educativas.
Este propósito traduz o meu entendimento de que a aposta na qualidade ou na excelência da educação é de grande alcance estratégico, posto que é, seguramente, através da educação e da formação que o país (a Humanidade, em geral) logrará construir, de forma sustentável, o seu progresso e bem-estar.
2. Caso lhe interessar, é igualmente convidado a visitar os meus blogs  Excelência Educativa em Cabo Verde (https://www.excelenciaeducativa.blogs.sapo.cv/), que retoma postagens da minha autoria publicadas em outras páginas pessoais, além de incluir publicações inéditas, e A causa da educação (https://bartvarela.wordpress.com/), espaço de partilha de trabalhos, reflexões e perspectivas para um paradigma educacional à altura dos tempos actuais.
3. Pode ainda encontrar livros, artigos e textos diversos sobre temas educacionais e outros na minhas páginas web da Academia.edu (https://unicv.academia.edu/BartolomeuVarela)

4. Se tiver o ensejo de ler e apreciar os textos publicados, pode formular a seu respeito críticas e sugestões, que serão bem recebidas, no quadro de um debate salutar que se impõe fazer sobre os novos paradigmas educacionais.

Bartolomeu Varela

PS: Para qualquer contacto, queira escrever-me para o e-mail bartolomeuv@gmail.com.

domingo, 30 de maio de 2010

Promover o acesso ao conhecimento poderoso – é para o que servem as escolas!

Considero que não faz mal a ninguém uma certa dose de humildade, sobretudo quando se trata de proclamar a verdade sobre as coisas, os factos e as ideias orientadoras dos actos humanos.

Assim, admiro a postura de Platão que, segundo Sócrates, sempre dizia que sua sabedoria era limitada à sua própria ignorância, afirmando: "Só sei que nada sei" (in Platão, "Apologia de Sócrates").

No entanto, não sou apologista extremo do relativismo do conhecimento, a ponto de negar a existência de qualquer conhecimento verdadeiro, como alegam os pós-modernistas radicais.

Concordo, então, plenamente com os que, como Michael Yung, defendem que, num dado contexto histórico, é possível, com o contributo da Ciência, chegar-se à objectividade do conhecimento, isto é, ao conhecimento verdadeiro, ou ainda ao chamado “conhecimento poderoso”, que, indo além do conhecimento de senso comum, do quotidiano ou contextual, permite aos indivíduos compreender, transformar e agir sobre a realidade, resolvendo os problemas que a vida lhes vai colocando, e, enfim, participar na criação das condições para a sua emancipação e plena realização nos planos social, profissional e pessoal.

É para promover o acesso dos alunos a esse "conhecimento poderoso" (não se confunda com o "conhecimento dos poderosos") que servem as escolas. Sobre este tema, aconselho o estimado leitor a ler um interessante texto de Michael Young, eminente sociólogo da educação e curriculista, a que pode ter acesso através do link que se segue:

http://www.scielo.br/pdf/es/v28n101/a0228101.pdf

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A África, a educação e o progresso sustentável

Um dia após a comemoração do Dia da África, 25 de Maio, penso, convicto, com base no percurso seguido por Cabo Verde nos seus 35 anos de Independência, marcados por inegáveis avanços em todos os domínios, que o continente africano não só não é "um caso perdido" como é uma região do mundo com um enorme potencial de progresso, tanto pela incomensurabilidade dos seus recursos naturais como, em especial, pelo espírito laborioso dos seus povos, que a História regista.

Esta convicção assenta, contudo, num pressuposto básico: é indispensável um investimento sério na educação, através da qual se formam gerações de africanos cada vez mais conscientes desse potencial e, sobretudo, capazes de compreender e assumir que o progresso almejado está ao seu alcance.

A partir deste pressuposto, criar-se-ão, igualmente, as premissas necessárias para a emergência, nos diversos estados africanos, de lideranças competentes, com uma visão estratégica esclarecida e, em especial, comprometidas com o desenvolvimento e o progresso sustentáveis dos respectivos povos.

Nessa altura, a via fácil do enriquecimento de uns poucos, através das mil e uma formas de corrupção, do tráfico de drogas e de seres humanos, dos golpes de estado e conflitos armados, etc., não encontrará terreno fértil para germinar e crescer, cedendo passo ao surgimento de "uma vida nova" em todas as latitudes da Mãe África.

Este é um sonho que está sendo realidade em vários países africanos, de entre os quais cito o meu país (Cabo Verde), não obstante o muito que há ainda por fazer-se. E, no pressuposto acima referido, essa realidade será, cada vez mais, tangível em todos os países africanos!

Dir-se-á que, por ora, para muitos países africanos, afectados pelos efeitos nefastos dos conflitos armados e da má governação, deve-se dar prioridade a actos de solidariedade para com os desvalidos da sorte: os refugiados, sem casa, nem pão, nem água potável, sem roupas e sem as condições básicas de saúde. É certo! Mas não será, apenas, pela via caritativa do suprimento das necessidades imediatas de sobrevivência, que se criarão as condições necessárias para a construção de um futuro de prosperidade duradoura para a África.

Uma visão estratégica de desenvolvimento da África torna-se mister, não apenas ao nível das lideranças africanas, mas também das instituições e dos países “doadores”. Assim, a par do imediatismo das medidas de remediação dos infortúnios, importa pensar e construir o futuro, mediante uma aposta forte na qualificação e no empoderamento dos africanos e, do mesmo passo, no apoio consequente às políticas de desenvolvimento sustentáveis, que são indissociáveis da defesa de valores como a governação democrática, a garantia da legalidade e da justiça, a valorização da cultura e das identidades dos povos e a promoção do bem-estar social.

Inspeção e regulação da Educação

  Partilhamos nesta página o nosso mais recente livro, que visa proporcionar a todos quantos se interessam pela problemática da Qualidade da...