segunda-feira, 18 de março de 2019
O desafio de educar na era digital
Este artigo de Nelson de Luca Pretto, da Universidade Federal da Bahia, Brasil, publicado pela Revista Portuguesa de Educação, apresenta uma visão panorâmica do desenvolvimento científico e tecnológico da comunicação e das diversas linguagens (co-)existentes que se articulam intensamente a partir da enorme presença das tecnologias digitais. Analisa-se a implantação das redes digitais e dos processos colaborativos de produção de conhecimento e as políticas públicas brasileiras para o campo da cultura digital, destacando-se o uso das redes de compartilhamento, com ênfase no software livre e na produção coletiva. A partir desses pressupostos, discute-se a importância da relação da educação com a cultura. Desenvolve-se a idéia de uso intenso das redes colaborativas nos processos educacionais, com a montagem de comunidades horizontais de produção de culturas e conhecimentos. No final, reflete-se mais detalhadamente sobre a proposta de pensar a educação numa perspectiva plural, ou seja, em educações.
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
A educação e a formação no pensamento e na práxis de libertação nacional de Amílcar Cabral
Para Amílcar Cabral, a libertação
nacional é um processo de grande alcance estratégico, posto que
ultrapassa os marcos da conquista formal da Independência, implicando a
remoção de todos os obstáculos ao livre desenvolvimento das forças
produtivas e de todas as formas de subjugação da pessoa humana, sendo,
por isso, indissociável da luta contra a ignorância e pela promoção do
conhecimento e da cultura.
Como manifestação genuína da cultura e
como ato de cultura, a luta de libertação nacional não só se fundamenta e
se inspira na cultura como influencia esta última (Cabral, 1972). Por
outro lado, a cultura da libertação nacional fundamenta a conceção e a
práxis da Democracia, posto que essa luta visa, em última instância, a
construção de uma sociedade nova, livre e de progresso, em que o poder
esteja nas mãos e ao serviço do povo.
Para ser vitoriosa, a gesta libertadora
exige, pois, a par do recurso ao “poder das armas”, que se mostrou
inevitável para fazer face à repressão colonial, a utilização da “arma
da teoria” ou do conhecimento: um conhecimento que deve ser mobilizado
para a transformação profunda da sociedade, ao serviço ou a bem desta.
No contexto da libertação nacional, Cabral não só delineia como enceta a implementação
das bases de um novo paradigma educacional que, pelo seu carácter
emancipatório, humanista e progressista, contraria os pressupostos do
ensino colonial e, no essencial, mantém toda a sua atualidade.
Nos conturbados tempos de hoje, a
obsessão pelo mercado continua a ser tendência dominante na
referencialização das políticas educativas e das prescrições
curriculares à escala global, não obstante as evidências de que a atual
crise internacional é largamente tributária do falhanço das políticas
ultraliberais de crença cega nas alegadas virtudes da desregulação da
economia.
No atual contexto, em que a globalização
hegemónica preconiza e impõe processos de ampla convergência e
uniformização da educação e do currículo, na base da ideia de que “tudo
se torna igual, independentemente dos contextos nacionais” (Pacheco,
2011, p. 15), subvalorizando-se quer a natureza emancipadora da educação
quer a sua função de promoção da diversidade cultural e identitária dos
povos, afigura-se oportuno invocar, sem cair no “culto da
personalidade”, o contributo de homens que, como Amílcar Cabral, Paulo
Freire e outros pugnaram por uma sociedade assente no ideário da
liberdade e da dignidade da pessoa humana, do progresso solidário e da
justiça social, para cuja construção concorrem, de forma decisiva, a
educação e a formação.
Nesta palestra, seguimos, de perto, em
vários pontos, um artigo científico que publicámos na revista Desafios,
nº 1, da Cátedra Amílcar Cabral, em 2013, e nalgumas das nossas páginas
Web, sob o título “A educação, o conhecimento e a cultura na práxis de
libertação nacional de Amílcar Cabral” .
Segue o texto integral da palestra realizada a 6 deste mês, na Universidade Federal do Pará:
Praia, 15 de Outubro de 2015.
Bartolomeu Varela
Universidade de Cabo Verde
domingo, 2 de agosto de 2015
Síntese da coleção História Geral da África em português – dois volumes
O “Programa Brasil-África: Histórias Cruzadas”, iniciativa conjunta da Representação
da UNESCO no Brasil, do Ministério da Educação e da Universidade Federal de São
Carlos, tem por objetivo principal dar visibilidade e reconhecimento à
intersecção das histórias africana e brasileira, transformando e valorizando
positivamente as relações entre os diferentes grupos étnico-raciais que
constituem o Brasil.
Assim, na
sequência da publicação da versão portuguesa da Coleção História Geral da
África da
UNESCO, em 8 volumes (que divulgámos oportunamente nesta página) e
correspondendo às disposições constantes da Lei n° 10.639 de 2003, que vão no
sentido da inclusão do ensino da história da cultura afro-brasileira e africana
desde a educação básica, o “Programa Brasil-África: Histórias Cruzadas” tem-se
empenhando na produção e divulgação de materiais pedagógicos para todos os
níveis educacionais, sendo o seu primeiro produto a “Síntese da Coleção
História Geral da África”, publicada em dois volumes.
Estes dois
volumes pretendem fornecer subsídios para os investigadores e os estudantes,
bem como para a prática pedagógica de professores responsáveis pela educação
básica, com o objetivo de ampliar seus conhecimentos em relação à história e à
cultura africanas.
O volume I, que
se compõe de quatro capítulos, apresenta o resumo dos quatro primeiros volumes
da edição completa da coleção História Geral da África, abarcando os períodos
desde a pré-história até o século XVI.
O volume II resume
os restantes quatro volumes da edição completa da História Geral da África coleção,
correspondendo ao período que vai do século XVI ao século XX.
Pode aceder, gratuitamente, aos dois volumes, em PDF, clicando nos links que se seguem:
Praia, 2 de Agosto de 2015.
Ph.D. Bartolomeu L. Varela
Universidade de Cabo Verde
sábado, 11 de julho de 2015
A Academia das Ciências e Humanidades de Cabo Verde propõe-se afirmar como instituição credível ao serviço do desenvolvimento

Com a presença de académicos de diversas
gerações, residentes no país e na diáspora, durante este evento
"histórico", conforme realça a Nota de Imprensa, foram aprovadas
diversas deliberações e eleitos os órgãos estatutários. De entre as conclusões
do Plenário a que se refere a Nota de Imprensa, passo a destacar as seguintes:
1- Reconhecimento do trabalho da Comissão Académica
Instaladora, presidida pelo Doutor Onésimo Silveira, na condução da Academia
durante a fase da sua instalação, bem como do papel do Poeta Corsino Fortes, um
dos promotores da ACH-CV;
2 - Aprovação pelos promotores dos pedidos de admissão de 45 membros
fundadores, passando a ACH-CV a ser constituída por 68 membros
fundadores, residentes no país e na diáspora;
3- Aprovação do Regulamento Interno e do
Regulamento Eleitoral da ACH-CV;
4- Eleição da Mesa do Plenário, para todo o mandato (3 anos), constituída pelos seguintes membros: Doutora Iva Cabral – Presidente; Doutor Jairzinho Pereira – Vice-Presidente; Doutor Carlos Bellino Sacadura – Secretário;
4- Eleição da Mesa do Plenário, para todo o mandato (3 anos), constituída pelos seguintes membros: Doutora Iva Cabral – Presidente; Doutor Jairzinho Pereira – Vice-Presidente; Doutor Carlos Bellino Sacadura – Secretário;
4- Eleição, por sufrágio secreto, sob a condução de
uma Comissão Eleitoral, dos demais órgãos estatutários, a saber:
a) Conselho Académico: Doutor Jorge Sousa Brito -
Presidente do Conselho Académico e da Academia; Doutor João Lopes, Filho –
Vice-Presidente; Doutora Amália de Melo Lopes – Vice-Presidente; Doutor
Bartolomeu Varela – Secretário-Geral; Doutor António Aly de Pina - Tesoureiro;
6- Aprovação de Moções de Homenagem ao Membro Promotor falecido Ireneu Fileto Gomes, bem com ao Engº. Horácio Soares, recentemente falecido;
7- Distinção com o título de Presidente Emérito do
Membro Fundador Doutor Onésimo Silveira.
Refira-se ainda que o Plenário aprovou o montante mensal da quota dos membros da ACH-CV, que é de mil escudos.
Refira-se ainda que o Plenário aprovou o montante mensal da quota dos membros da ACH-CV, que é de mil escudos.

- Consolidação da Academia das Ciências e Humanidades
de Cabo Verde - ACH-CV, mediante o envolvimento de todos os seus membros,
residentes no país ou no estrangeiro, individualmente ou integrados em grupos
ou comissões de trabalho;
- Afirmação da credibilidade da ACH-CV no seio da
sociedade cabo-verdiana, mediante um trabalho qualificado, em parceria com as
instituições do ensino superior, os poderes públicos e demais entidades
potencialmente interessadas;
- Promoção da Academia nos contextos regional e
internacional, mediante o desenvolvimento de relações de colaboração e parceria
com outras instituições;
- Elaboração do plano estratégico da ACH-CV com base numa ampla auscultação individual dos membros da ACH-CV para o levantamento de suas perspetivas e contribuições;
- Promoção da investigação científico-humanística sobre questões relevantes, numa perspetiva inter e transdisciplinar;
- Elaboração do plano estratégico da ACH-CV com base numa ampla auscultação individual dos membros da ACH-CV para o levantamento de suas perspetivas e contribuições;
- Promoção da investigação científico-humanística sobre questões relevantes, numa perspetiva inter e transdisciplinar;
- Colaboração com as instituições de ensino superior
cabo-verdianas em iniciativas e projetos de natureza transversal, que
extravasem a atuação de cada uma delas em particular;
- Organização de jornadas científicas para a discussão de questões específicas de candente relevância para a sociedade cabo-verdiana e o seu desenvolvimento;
- Organização de jornadas científicas para a discussão de questões específicas de candente relevância para a sociedade cabo-verdiana e o seu desenvolvimento;
- Promoção da produção académica, mediante patrocínio
de estudos e criação de prémios de mérito;
- Criação de condições para a publicação de uma
revista académica credível até ao final do mandato;
- Levantamento da diáspora científica cabo-verdiana e
identificação das linhas de investigação em que possa participar tendo em vista
a promoção da cultura cabo-verdiana e o desenvolvimento do país;
- Promoção do património imaterial cabo-verdiano, na
sua diversidade, tendo por base um roteiro de estudos e investigação a ser
aprovado;
- Contribuição, através de estudos especializados para
a promoção da língua cabo-verdiana, valorando as suas variantes, tendo em vista
a sua elevação ao estatuto de língua oficial, no quadro do bilinguismo
nacional;
- Até ao final do mandato, revisão dos Estatutos e
aprovação dos símbolos e marcas da Academia das Ciências e Humanidades de Cabo
Verde.
Praia, 11 de Julho de 2015.
Bartolomeu L. Varela
Professor da Universidade de Cabo Verde
Membro Fundador da ACH-CV
segunda-feira, 27 de abril de 2015
A formação dos professores nem sempre foi mantida com coerência
Com a devida vénia, publico,
a seguir, a primeira parte da entrevista concedida à jornalista Arminda
Barros, da Inforpress (agência de Notícias de Cabo Verde), por ocasião
do dia do Professor cabo-verdiano (23 de Abril):
Em entrevista à Inforpress a propósito do Dia do
Professor Cabo-verdiano, que se assinala a 23 de Abril, este ‘eterno’
professor, com mais de 40 anos dedicados ao ensino, disse que o país continua
com um corpo docente no ensino primário composto, na sua grande maioria, por
professores que não possuem curso superior.
Bartolomeu Varela: A formação dos professores nem
sempre foi mantida com coerência
Cabo Verde
vem progressivamente promovendo a massificação do ensino com aumento
considerável do número de professores com um conjunto de direitos e regalias,
mas a aposta na sua formação nem sempre foi mantida com coerência, defendeu
Bartolomeu Varela.
Apenas 9 a 10% de professores desse nível de ensino
possuem curso superior, ainda que não confira grau de licenciatura, o que é
“muito pouco”, confirmou Bartolomeu Varela, para lembrar que a lei de bases do
sistema educativo de 2010, que veio a exigir como requisito mínimo para ser
docente o bacharelato, “ficou praticamente como uma letra morta”.
Isso porque não se apostou maciçamente na formação dos professores desse nível, criticou, ao realçar que os ganhos conseguidos no sector da educação poderiam ser maiores se a aposta na sua formação em exercício “fosse mais consequente e mais assumida de forma regular ao longo dos tempos”.
Isso porque não se apostou maciçamente na formação dos professores desse nível, criticou, ao realçar que os ganhos conseguidos no sector da educação poderiam ser maiores se a aposta na sua formação em exercício “fosse mais consequente e mais assumida de forma regular ao longo dos tempos”.
Apesar de reconhecer como positivo o facto de duas
instituições públicas assumirem a formação de professores, a Uni-CV e o actual
Instituto Universitário de Educação (IUE), podendo instituições privadas também
intervir nesse domínio, Bartolomeu Varela considerou que isso acaba por criar
outros problemas.
O mais importante, a seu ver, é o fraco aproveitamento
dos recursos humanos, do potencial científico existente a nível das duas
instituições para uma estratégia de formação de professores mais bem conseguida
e que pudesse ser acessível a todos e nas diversas ilhas.
Na visão do professor, por estarem sedeadas na Praia, no Mindelo e até na Assomada, isso cria grandes dificuldades aos professores das outras ilhas que não podem se deslocar a esses centros urbanos, pelo que a formação à distância se impõem como uma grande prioridade, devendo-se investir em recursos, novas tecnologias de informação, formação de professores de ensino superior e adequado a esse nível, etc.
Na visão do professor, por estarem sedeadas na Praia, no Mindelo e até na Assomada, isso cria grandes dificuldades aos professores das outras ilhas que não podem se deslocar a esses centros urbanos, pelo que a formação à distância se impõem como uma grande prioridade, devendo-se investir em recursos, novas tecnologias de informação, formação de professores de ensino superior e adequado a esse nível, etc.
Bartolomeu Varela lamentou, entretanto, as reforma
"decretadas” numa perspectiva de cima para baixo e sem auscultação dos
professores, porquanto criam uma situação delicada, porque têm dificuldade em
compreender o sentido e alcance das mesmas.
Aliás, as reformas têm um grande défice congénito, que
é não estarem devidamente explicitadas, adiantou o professor, salientando que
“não existe um documento público, do Estado, a explicitar o sentido e o alcance
das reformas, até mesmo o conceito de reforma que se quer implantar no país”, o
que cria muitas incertezas, dúvidas e vários problemas na sua implementação.
Destacou, contudo, que é graças aos professores que
existem, “com défices consideráveis de qualificação e que se repercutem também
na qualidade da educação, em relação à qual a sociedade tem estado muito
crítica”, que o sistema educativo no período pós-independência evoluiu,
contribuindo para uma mobilidade social ascendente, para um avanço considerável
no combate à pobreza e na melhoria das condições de vida das pessoas e para a
redução do analfabetismo a um nível residual.
Espera que as negociações em curso sobre o estatuto
dos professores e outras reivindicações se traduzam em melhorias das condições
de trabalho, de desenvolvimento profissional e de remuneração.
“Sem professores qualificados e motivados não temos um
sistema educativo de alta qualidade, susceptível de nos fazer competir com
outros sistemas educativos, até do mundo ocidental”, argumentou.
Bartolomeu Varela é um reformado "activo" da
Uni-CV que, actualmente, trabalha ‘pro bono’ para esta universidade,
lecionando, orientando alunos de pós-graduação e fazendo investigação.
Começou como professor do ensino básico, na Brava, ainda no período colonial com 18 anos, depois de concluir uma formação de quatro anos na escola de habilitação de professores, mas também foi professor do ensino secundário público e privado.
Ajudou a criar a Uni-CV, onde foi também administrador-geral, tendo sempre dado o seu contributo na elaboração da legislação nacional em matéria de educação, formação e ensino superior.
Começou como professor do ensino básico, na Brava, ainda no período colonial com 18 anos, depois de concluir uma formação de quatro anos na escola de habilitação de professores, mas também foi professor do ensino secundário público e privado.
Ajudou a criar a Uni-CV, onde foi também administrador-geral, tendo sempre dado o seu contributo na elaboração da legislação nacional em matéria de educação, formação e ensino superior.
Dentre os vários cargos que desempenhou, merecem
menção os de inspector da educação e de secretário-geral do Ministério da
Educação.
AB
Inforpress/
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Inspeção e regulação da Educação
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