Ei-los que partem… os finalistas!


“Flores da nossa luta, razão do nosso combate… O mais maravilhoso que há no mundo. Devemos dar-lhes o melhor que temos”! Assim se referia Amílcar Cabral às crianças, no seu tempo, que é também o nosso tempo, tanto mais que as suas palavras expressam um pensamento e uma orientação que continuam actuais.

Assim pensava eu quando assistia, dias atrás, a uma festa de finalistas do jardim infantil que o meu filho Márcio frequentou nos últimos dois anos, cumprindo uma etapa importante da sua vida: a de socialização no ambiente educativo extra-familiar e de propedêutica para a iniciação escolar propriamente dita, que tem lugar no ensino básico.

Gostei, particularmente, da opção feita em relação ao traje para a festa dos finalistas: em vez de trajes de um dia que, depois, são deitados fora, os finalistas apresentaram-se vestidos com o uniforme que vão utilizar, daqui a meses, como alunos do ensino básico, o que representa uma poupança aos bolsos das famílias. Bela ideia, sem dúvida!

Todos dizemos que virou moda a festa de finalista, não sendo poucos os que criticam esta moda, que outrora só era praticada no fim do ensino secundário ou, sobretudo, de um curso superior!

O cabo-verdiano gosta de festas! É isso que, segundo outros, explica tanta festa de finalistas!
Realmente, o cabo-verdiano adora festas: o nascimento de um filho, o 7º dia do nascimento (“Dia do Sete” ou de “Guarda-cabeça”, para esconjurar perigos ocultos!), casamento, baptizado, regresso de emigrante, dia de município, dia de santo padroeiro de freguesia, dia de Natal, dia de Fim-de-Ano, dia de Páscoa… Já imaginou em quantas festas o cabo-verdiano participa em cada ano?

Não há dúvida que, não poucas vezes, há um enorme exagero nos gastos com festas! Mas convenhamos que é também com festas (dentro dos limites, é claro) que se constrói a felicidade! A alegria de viver, bem patente nas festas, pode ser um lenitivo ou um incentivo para enfrentar as dificuldades da vida e obter, pelo trabalho honesto, recursos para serem investidos em muitos projectos, incluindo … novas festas!

Mas voltemos à festa de finalistas do jardim do meu filho caçula (ver imagem neste blog).

Simples moda ou expressão da cultura de um povo dado a festas, foi maravilhoso assistir a essa festa de finalistas e, assim, poder testemunhar como os pupilos daquele jardim-de-infância e candidatos ao ensino básico encaravam esse dia de finalista, que marca uma etapa importante na sua vida: muito entusiasmo, muita alegria e, vejam lá, muita seriedade!

Deixá-los festejar, porque não lhes falece motivo para tanto!- pensava eu, enquanto assumia o papel de repórter da festinha, além do de pai!

Vencendo a primeira etapa, irão vencer as outras, com novas festas de finalistas a coroar os êxitos académicos! Festas que valem sempre a pena, sobretudo se o culminar de cada etapa se traduzir em ganhos efectivos, em prol do progresso social e individual, prova final do sucesso da obra educativa que se desenvolve em Cabo Verde.

Ei-los que partem, os finalistas, para novas etapas e novos desafios na sua vida académica e social, em que a alegria de viver deve estar presente, a par de uma postura responsável que deve caracterizar a vida estudantil e, em geral, a vida societária.

Bartolomeu Varela

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